quinta-feira, 29 de maio de 2014

Formação para educadores


        Aconteceu, na última sexta-feira 23, em São Lourenço do Oeste, o segundo encontro da formação para educadores que atuam com o componente Ensino Religioso. O curso que é uma iniciativa da Gerência Regional de Educação de São Lourenço do Oeste integra profissionais dos municípios de Campo Erê, Coronel Martins, Novo Horizonte e São Lourenço do Oeste, os quais ministram a disciplina em diferentes escolas da região.
Coordenam a formação as professoras Eliane Ludwig, Rosinei Pedrotti Ferrari e Josiane Crusaro, que visam com o grupo de educadores socializar e partilhar experiências, bem como, planejar atividades de aprendizagem que venham ao encontro do objeto de estudo da disciplina. O curso compreende quatro encontros e propõe também a integração dos educadores de Ensino Religioso, através da música, do diálogo, de dinâmicas e de construções coletivas, totalizando um total de 40 horas.
O próximo encontro está previsto para o dia 06 de agosto, a realizar-se na Gerência Regional de Educação de São Lourenço do Oeste. 
A Associação dos Professores de Ensino Religioso de Santa Catarina - ASPERSC parabeniza a iniciativa e apoia momentos como esse em que, conjuntamente, os educadores utilizam da socialização, da interação, do pensar, do criar e do registro, para construir percursos em prol de uma educação diferencial, capaz de provocar a transformação no planeta em que vivemos.
   



terça-feira, 27 de maio de 2014

Gostaria de um remédio

                                                          Educadores/as

Confiram abaixo atividade de aprendizagem desenvolvida nas aulas de Ensino Religioso!

Agradecemos e parabenizamos o professor Claudiomiro da Silva pelo excelente trabalho que vem realizando com seus estudantes, promovendo a reflexão e aprendizagem.



Gostaria de um remédio...

Sempre gostei de trabalhar com adultos até porque a reflexão favorece em muito e flui com mais facilidade. Claro que isso não é uma regra, dependendo do grupo que se trabalha. Aprecio e muito o conhecimento por duas razões: quando a propriedade do saber que a pessoa apresenta  é tão seu e tão genuíno, quanto as marcas do corpo, seja pelo sofrimento, pelo cansaço ou pelos duros calos da vida. Onde a pessoa fala com propriedade de alma e coração. Nas palavras erradas, na simples construção das ideias, mas com uma profundidade que comove e faz-nos parar para refletir. A outra é aquela embasada na aplicação ao estudo, leitura e pesquisa com enraizamentos teóricos e históricos que vão muito além do que acreditávamos ser possível, mas com uma roupagem de humildade e muita segurança sem fazer perceber que todo aquele saber fosse sua propriedade, mas fruto do seu esforço e de todos e tudo que se abriu como possibilidade para alcançar tal estágio.
Quando sou convidado para trabalhar com crianças ou mesmo adolescentes, sinto essa dificuldade. Muito longe passo das duas experiências dos saberes acima citadas e como gostaria de ser a síntese das duas experiências sem querer ser pretensioso demais. Eu só queria saber mais. E nesse propósito de saber mais, resolvi deixar que meus alunos me ensinassem (por incrível que pareça foram crianças e adolescentes) sobre a vida, sobre os sonhos, sobre a família. Sim, sobre a família de cuja impressão que tive é que no mínimo tenho que tomar dois cuidados ao falar ou fazer qualquer juízo de valores, comportamentos ou níveis de aprendizagem quando estiver trabalhando com as crianças e adolescentes e porque não dizer, com todos. Por isso parto de uma premissa bem simples, o que já refleti em outro texto: se não sabe como funciona, não mexa. Digo mais, quando estou no meio de um universo de possibilidades e de relações tenho que tomar todo o cuidado com o que ensino, como ensina ou se é que se ensina, já que neste texto estou refletindo sobre a recíproca inversa. Ou seja, qual o signo, qual o sinal que imprimo na vida dessa pessoa, desse ser humano. Imagine se um médico fizesse uma cirurgia e deixasse por descuido ou mesmo negligencia, por exemplo, uma gase dentro da pessoa. As vozes mais rebeladas e moralistas diriam sobre processo, uma surra, coisas do gênero ou piores. Então como ficaria a situação de quem imprime indelevelmente ou estupidamente sinais, ou objetos não materiais, mas que se materializarão em dor e morte para a vida de uma criança ou qualquer outra pessoa, bem lá no fundo do seu ser. O que mereceriam?
Resolvi então, mudar minha aula e deixar os alunos falarem. Trabalhei músicas com o violão, textos, dinâmicas, brincadeiras, filmes e outros etceteras e pouco resultado obtive. Resolvi deixar todo meu material pedagógico da bolsa em casa e a enchi de quinquilharias. Eram bonecas, bichinhos, prego, martelo, corda, corrente, cacos de cerâmicas, pilhas, caixas de remédios (vazias), e se você quiser imaginar mais um monte de outras coisas e por na bolsa, está valendo. Mudei a configuração da sala e usei música instrumental para fazer um fundo e ir acalmando a agitação e o “fervo” da moçada. Era sem pressa, apesar de que quarenta e cinco minutos é um tempo muito pequeno e quando a coisa fica boa tem que parar. Mas não paramos, estamos continuando pelas aulas vida afora. Tão logo terminei a explicação do objetivo da dinâmica, com sucesso total de fundo com a música, o que fê-los aquietar-se profundamente, e que estranhei e me maravilhei. Pedi que ao contemplar os objetos, os relacionassem com sua vida de família, do cotidiano, já que estávamos trabalhando com o projeto a um bom tempo. Tão logo encerrei minha explicação e pedi para que não tivessem pressa, um menino se adiantou e perguntou se poderia começar. A vontade, disse. Veio até o centro da sala onde os objetos estavam dispostos no chão em uma espécie de grande círculo, tomou uma caixa de remédio e um caco de cerâmica e disse: Gostaria de encontrar... começou a chorar, sentou-se. Gostaria de encontrar um remédio para consertar os cacos que minha família e minha vida virou. Falava isso porque a mãe estava com câncer e o pai estava com muitas dificuldades pessoais e relacionais. Isso desencadeou uma choradeira na grande maioria. E até os mais agitados ficaram incomodados com a situação. Logo em seguida uma menina pegou uma corda na mão e segurou com muita força e disse: professor eu não aguento mais, estou me sentindo enforcada. O outro com a corrente: estou me sentindo preso. E o ambiente começou a ficar carregado de uma comoção generalizada. A menina, pega um patinho e uma bonequinha e diz não suportar a comparação que os pais faziam dela com a irmã mais nova. Tudo é para ela e pareço que não existo. Outra pega o martelo e diz que gostaria de falar para o pai que parasse de trabalhar tanto e desse mais atenção para a família. E incrivelmente o choro foi de soluçar e eu estava começando a ficar preocupado. Não tinha objetivo nenhum de fazer ninguém chorar como se dizem em alguns desses encontros por aí: foi bom porque o pessoal se “debulhou” chorando. Fui deixando acontecer e percebendo as diversas reações. A emoção de meninos e meninas e a frieza de alguns. Resumindo, quase encerrando nosso tempo de aula, disse: não tenho outra coisa a fazer a não ser chorar com vocês. Foi bonito, puro, original.
A questão que me vem a mente agora é esta: depois desse despertar maravilhoso, que foi diferente de turma para turma, o que faremos com o sofrimento, a dor, a dificuldade e a alma dessas crianças já tão cedo dilaceradas pela dor, pela violência e vítimas da busca momentânea de felicidade pessoal de alguns pais e mães que acabam condenando a felicidade integral de seus filhos? O professor não está na condição de resolver problemas de ordem emocional, pessoal, familiar ou qualquer que seja. Por isso é que deixei meu conteúdo programado do bimestre das aulas de Ensino Religioso, para poder penetrar na “alma” desses pequenos passageiros da vida que já sofrem com as turbulências desde muito cedo e que muitas vezes não tem a quem recorrer. Não posso fazer da sala de aula um divã, mas posso fazer desses pequenos espaços de cuja habilidade pedagógica me falta um pouco, um momento tão único e exclusivo a ponto de que o momento de partilha liberou espaço para outros saberes em que esse drama existencial ocupava espaço demais por simplesmente não partilharem ou não lhe darem acesso. Não quero dizer que tenho que converter minha aula nessa espécie de experiência ou laboratório de emoções e desafetos gratuitos. Quero dizer que a inusitada experiência me abriu campo em que conquistei os alunos para fazer com eles “reflexão de gente grande”. Simplesmente por terem o espaço deles garantido e respeitado, ganhei eles, seus corações e o meu espaço de reflexão livre e respeitado.
Nosso mundo de relações ficou bem mais estreito e próximo e mesmo para os mais agitados e inquietos, e que não conseguiram partilhar nada. Ao que me ficou explícito é de que mora dentro de cada um, ou de alguns, uma dor profunda e aquele sentimento de que gostariam de ter falado, mas tem medo, vergonha ou qualquer sentimento do tipo, o que vão pensar de mim. Sempre me veem como o maioral e agora fracassei. Tememos nossas fraquezas e as escondemos por trás de mil desculpas do tipo “não é nada”, “tem nada não”, “dexa quieto”... se pudéssemos fazer uma viajem a começar da concepção, empilharíamos histórias e mais histórias que nos custariam dias para serem ouvidas e aqui todos nós gostaríamos de um remédio para consertar os cacos que também nossa vida virou por trabalharmos demais não só como realização do que busco alcançar, mas por não suportar a comparação com quem tem e é diferente. Como diz Kierkegaard: a maior tragédia do ser humano é a comparação. Não suportamos, não aceitamos, porem vivemos a vida em face desse universo pesaroso de conquistas vãs onde nos falta o grande remédio. É, realmente, gostaria de um remédio. Não vem em uma caixa mágica que concerta os cacos. Talvez eu encontre em alguém que simplesmente queira me ouvir. Sentir. E se não há o que fazer, porque ninguém quer ou mesmo se a gente pode fazer algo pelo outro que a pessoa não esteja disposta a fazer por si, tenho que respeitar. E se o choro for inevitável, então chorarei junto contigo. Completarei e contemplarei a sua dor, empresto meus ouvidos e compartilho as minhas lágrimas, não como quem é fraco, mas como quem precisa de um remédio salutar para curar a alma tão dilacerada mesmo que para o mundo não há importância nenhuma e não fará nenhuma diferença. Mas o mundo dessa pessoa se converterá em algo um pouco mais suave e prazeroso.
Um remédio simples, sem contra indicação, tão escasso e tão raro entre nós. Gente pagando, e muito caro para sorrir, ser feliz, ter amigos, querer viver, ser amado. Se ouvir é eficaz, redentor e capaz de devolver a dignidade as pessoas, que eu empreste os olhos, ouvidos, coração, mente e todo o meu ser para que eu vá me diluindo pela realização e felicidade do outro. E o que é mais interessante que descobrimos no final que a pessoa mais feliz ainda sou eu. Mesmo que haja quem diga que isso é pensar e querer muito além do que é possível. É porque ainda não nos desafiamos para tal por saber que o grande milagre só acontece de duas formas: por quem faz a provocação e principalmente por quem deseja profundamente que ele aconteça. É o milagre que nasce de dentro, do querer mais profundo e sincero da pessoa que diante do outro que a ouve, compreende e chora junto, derrama sua alma com toda solicitude e humildade. Poxa, isso já é um milagre sem que aconteça feito maravilhoso, porque já é uma maravilha. Logo, o remédio que eu gostaria está dentro de mim, de você, mas preciso do outro para me ajudar ver onde não posso. Onde guardei dentro de mim que se perde com tanta inutilidade e precisa de alguém que o diga que está ao alcance de sua mão, tão pronto para ser tocado, encontrado, curado. 


Fonte: Claudiomiro da Silva

sábado, 24 de maio de 2014

Uma aula, muitas ideias



                                            Educador/a:

Este espaço tem o objetivo de divulgar atividades de aprendizagem desenvolvidas nas aulas de Ensino Religioso por você e seus estudantes!

Nos encaminhe um breve comentário com fotos das produções realizadas no intuito de estarmos divulgando a beleza das atividades e demonstrando a importância do componente no currículo e ambientes escolares!


ASPERSC